São José, o Guardião do Redentor

2021-05-06 13:21:53
SÃO JOSÉ, O GUARDIÃO DO REDENTOR Especial realizado em Nazaré, em maio de 2021 – Ano de São José “José, José, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa porque nela acontece a obra do Espírito Santo. “(Mt 1, 20) “Tudo mudou naquele instante. Eu assumi minha missão: me casei com Maria.” Assim como Deus fez com Maria ao manifestar a ela o plano de salvação da humanidade, também revelou a José os designos dele por meio de sonhos que na Bíblia, como em todos os povos antigos, eram considerados um dos meios pelos quais Deus manifesta a vontade dele. A resposta foi imediata: despertando do sono, José fez como lhe ordenou o Anjo. Com obediência, superou o drama pessoal e salvou Maria. Palavras do Papa Francisco na carta apostólica Patris Corde. O sim ao chamado de Deus, a ser pai putativo de Jesus, São José manifestou concretamente aqui na cidade de Nazaré - Galileia - bem próximo do local em que a Virgem Maria recebeu também o anúncio do Anjo, local da Basílica da Anunciação. Hoje, o repórter Canção Nova também quer apresentar para você a casa da Sagrada Família e o local do Ofício de São José. Fr. BRUNO VARRIANO, ofm Guardião da Basílica da Anunciação “Bem-vindos a Nazaré, bem-vindos à casa de São José, essa Igreja a ele dedicada. São dois os Evangelistas que falam da infância de Jesus, falam da Anunciação do Anjo. Lucas prefere falar da Anunciação a Maria. A Basílica da Anunciação fala desse anúncio com a sua arte e Evangelização no estudo da mariologia, no estudo da Sagrada Escritura mas também da sua teologia. Mateus prefere o anúncio a José na Anunciação a São José: por isso podemos falar do SIM de São José. Sim de participação ativa no mistério da Redenção por isso ele é chamado o guardião do Redentor . Assim, José entra na História da Salvação são precisamente com a sua participação ativa, com seu sim. É importante retomar esse sim de São José nesses tempos. E Mateus nos ajuda porque fala precisamente desse homem justo. Ele que foi participante com sua humanidade, com seu sim. Devemos compreender como era o tempo de Jesus. O período de casamento se dividia em duas fases, chamadas erusin e nissuin. Erusin, a primeira parte, era um contrato. Eles já viviam com um compromisso mas não moravam juntos. Depois tinham o nissuin, a segunda parte. O anúncio a Maria e José é justamente nesse período de contrato. José pensava considerando a Torá, a Sagrada Escritura, que ele poderia recorrer ao repúdio em segredo, sem dizer o motivo. A punição para o adultério era na verdade o apedrejamento da mulher mas José não queria prejudicar Nossa Senhora. O repúdio em segredo foi previsto no livro de Provérbios e no Levítico. Porém São José, a partir do anúncio do Anjo, acolhe esta paternidade com todas as consequências na sua vida, na de Maria, da Sagrada Família... e para nós, porque assim se abriram as portas da salvação.” “Quando eu O peguei meus braços não contive a emoção. Me vieram as lágrimas. Ele me foi dado pelo Céu para que eu pudesse guardar e proteger. Ah, meu menino! Fui abençoado pelo Deus único. Eu não imaginava que minha simples vida a Providência agiria assim. O que eu poderia oferecer ao Filho de Deus? Meu ofício, minha fé, meu amor? Sim! Meu amor!” Ao aceitar o plano Divino, São José se torna colaborador junto com Maria e testemunha ocular da Encarnação do Verbo Divino. Fr. BRUNO VARRIANO, ofm Guardião da Basílica da Anunciação “São José: cooperador do mistério da Encarnação, da Redenção. São Paulo diz que somos todos os cooperadores de Deus e, São José junto com a Virgem Maria, é o primeiro. Por isso não é justo chamá-lo de pai adotivo mas de pai putativo: uma paternidade jurídica de São José. Por que? É a paternidade de Deus confiada a São José. É Deus quem confia esta paternidade. O Papa Francisco, na carta Apostólica Patris Corde, afirma que Jesus experimentou a ternura de Deus em São José. Paternidade de Deus por Jesus e por toda a Igreja porque ele é o patrono da Igreja Universal, ele é o Custódio da Igreja de seu filho: tem cooperação ativa no mistério. Esse é o mistério da Encarnação porque é um sim humano de Maria, é uma cooperação humana de José. Ele que assumiu esta paternidade com muitos desafios: a viagem a Belém, a fuga para o Egito, o regresso a Nazaré trabalhando para alimentar esta família. Tudo isso é uma cooperação. Essa criança, esse adolescente, este jovem, parte para a missão para morrer na cruz e ressuscitar por todos nós. Então José contribuiu para o crescimento humano desse filho pela linguagem humana, pela escrita, porque ensinou Jesus a escrever. Foi ele quem levou seu filho à sinagoga e o apresentou ao conhecimento da Palavra. Contribuiu com toda sua humanidade, sua vida, com todo o seu desejo de salvação porque também ele, juntamente com todo o Israel, esperava o Messias.” Fico pensando às vezes: como eu pude duvidar? Mas como homem que sou precisei ter a certeza de que Deus quis se manifestar ao mundo pela minha descendência. Sou da estirpe de Davi. Esperamos tanto o cumprimento da Promessa de que um Salvador viria a nós. Mas a fé tem seus limites e só mesmo pela intervenção divina nós, homens, somos capazes de seguir em frente assumindo a promessa de Deus e caminhando ancorados pelas mãos de Deus. Descendente do Rei Davi, homem casto, silencioso e trabalhador, José viveu a paternidade dele em uma vida oculta em Nazaré. Fr. BRUNO VARRIANO, ofm Guardião da Basílica da Anunciação “Estamos na Igreja de São José. Com base em antigas tradições, na sua casa temos um batistério judaico-cristão, restos de uma igreja bizantina e cruzada. A atual é de 1911. As notícias antigas de um bispo Peregrino - Artufo - em 780 que visitar a igreja chamada Igreja da Nutrição. É muito provável que seja a tradição nos traz a esse lugar e nós, Franciscanos, somos os guardiões. Daqui, São José partiu para a vila helenística de Séforis para trablahar e, certamente, seu filho adolescente Jesus estava junto dele para aprender a trabalhar. Por essa razão, São Paulo VI chama esse Santuário, o Santuário do Trabalho. “São José era um carpinteiro que trabalhou honestamente para garantir o sustento da família.”: afirmou o Pontífice. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão, fruto do próprio trabalho. Fr. BRUNO VARRIANO, ofm Guardião da Basílica da Anunciação “São José, Operário. Como dizia, São Paulo VI chamou esse lugar de Santuário do Trabalho. É realmente emocionante imaginar que são José partiu daqui para o trabalho de Séforis e levou Jesus com ele. Encontramos traços, reflexos da educação que São José transmitiu a seu filho. Na cidade helenística de Séforis, judeus e romanos viviam juntos: já podemos dizer que são José nos abre à fraternidade. Trabalhava em casas de quem não era judeu, daí a abertura. Ele era um artesão: trabalhava na casa das pessoas encontrando o tempo para falar e ouvir. Falavam a José das dificuldades economicas, das suas dificuldade e ele com a sua criatividade de artesão, a colocava em prática. Em Jesus, encontramos este reflexo humano: a praticidade das palavras, a clareza com que Jesus fala... São resultado da criatividade de artesão. É por isso que é importante recuperar essa imagem do trabalhador. Lembramos que foram trabalhar em Séforis como artesãos. Trabalharam ao longo do dia e nas parábolas de Jesus vemos o reflexo dessa experiência. Nesses tempos difíceis, São José Operário, ensina-nos que a economia deve estar a serviço do homem.” São Lucas, de forma particular, tem o cuidado de assinalar que os pais de Jesus observavam todas as prescrições da Lei: os ritos da circuncisão de Jesus, da purificação de Maria após o parto, da oferta do primogênito a Deus. Na função de chefe de família, José ensinou Jesus a ser submisso aos pais, submisso ao mandamento de Deus. Ao longo da vida oculta em Nazaré, na escola de José, Ele aprendeu a fazer a vontade do pai. “Tal vontade torna-se o alimento diário d’Ele”, reafirmou o Papa. Francisco continua: “Dia após dia, José via Jesus crescer «em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens» (Lc 2, 52). Como o Senhor fez com Israel, assim ele ensinou Jesus a andar, segurando-O pela mão.” (cf. Patris Corde, 2) Fr. BRUNO VARRIANO, ofm Guardião da Basílica da Anunciação “Encontramos reflexos traços dos pais dos filhos, certamente. Psicólogos antropólogos o afirmam. Encontramos em Jesus alguns reflexos de José porque Jesus fala com clareza e vai com convicção em direção a Jerusalém. Assim como José que assumiu a paternidade fala pouco e age. Ele parte para o Egito, volta, trabalha... com decisão, autodeterminação. Por isso que Jesus foi determinado. Quem quer servir não olha para trás mas em frente. Encontramos essas características em Jesus de Nazaré próprias de quem teve um pai decidido, que sabia o que devia ser feito. Encontramos também uma sensibilidade com as mulheres. Se olharmos o Evangelho de Mateus, José queria repudiá-la em segredo, ou seja, ele mesmo assumiria. Repudiar em segredo significava que as pessoas não teriam sabido e poderiam pensar: “José enganou essa menina... Veio de outra cidade, (não era de Nazaré), não podemos confiar em estrangeiros etc...” Ele assume então a culpa. Vemos Jesus com uma sensibilidade para com as mulheres, as mais frágeis, as crianças Encontramos estes vestígios humanos em Jesus. Ele nos amou com um coração humano. De quem aprendeu essa ternura? De José. Aprendeu a estar atento, a não julgar as mulheres, a acolher as pessoas, principalmente as mais frágeis.” Pai putativo de Jesus e esposo da Virgem Maria. São José também foi fiel à vocação matrimonial. “Minha doce Maria, eu não imaginava que esse sim seria tão pleno, tão menina ainda. Mas enfrentou com coragem o desafio que o Céu lhe propôs. Eu esperava com ansiedade o nosso casamento. Mas você veio e me disse que precisava visitar a sua prima Isabel. Para ser sincero naquele momento, eu não entendi o que se passava mas tínhamos tempo. Afinal como provedor desta Santa Família eu precisava terminar de construir a nossa casa. Eu queria te oferecer aquilo que era digno e poder com minhas próprias mãos construir o nosso lar. Era meu presente para minha Maria. Então eu a deixei partir e fiquei na pequena Nazaré, ansioso à sua espera.“ Fr. BRUNO VARRIANO, ofm Guardião da Basílica da Anunciação O Papa Francisco dedicou este ano a São José com a Patris Corde. Estamos no mês de São José. Com a solenidade, devemos aprender a imitar José, devemos aprender dele aquela docilidade à Palavra de Deus mas sobretudo àquela intimidade com Jesus. Nesses tempos difíceis aprendemos com São José a responder às dificuldades. São José com a fuga para o Egito, com as dificuldade economicas da época (estávamos durante ocupação romana e houve dificuldades) e ele responde com esperança porque ele tinha a Esperança em suas mãos: junto a ele, Jesus de Nazaré. Temos a Virgem Maria, a intercessão de São José. Nesse ano a ele dedicado em meio à pandemia que ainda vivemos aprendemos com José a responder com esperança e queremos que esta voz ressoe de sua casa, de Seu Santuário. Falamos sempre do silêncio de São José. Esse ano queremos fazer eu falar: que ele fale do seu estilo silencioso, do seu estilo trabalhador, mais obras do que palavras. Queremos aprender com ele a viver esta palavra que aqui se tornou carne em nossas famílias, em nossas comunidades. Procuremos viver essa intimidade com Jesus com a intercessão de Maria e José.” Nesta escola de Nazaré, quanto Jesus aprendeu com São José e o quanto nós também podemos aprender com o Patrono da Igreja. Neste ano dedicado a ele pelo Papa Francisco rezemos pedindo por intercessão, ensinamentos e proteção. Salvé, Guardião do Redentor, Esposo da Virgem Maria! A vós, Deus confiou o Seu Filho, em vós, Maria depositou a sua confiança. Convosco, Cristo tornou-se homem, ó bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da vida. Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem, defendei-nos de todo o mal. Amén.
A cada passo, a cada batida: São Nicolau, o Peregrino
A cada passo, a cada batida: São Nicolau, o Peregrino

São Nicolau, o Peregrino, é um rapaz grego nascido em 1075, que conheceu Jesus quando tinha oito anos e, ao vê-lo, recebeu dele a oração do coração. Foi venerado como santo pelos católicos e assim permaneceu por aproximadamente nove séculos. Em 2023, os Gregos Ortodoxos da Itália incluíram-no no seu calendário litúrgico. Um santo verdadeiramente ecumênico, que tem muito a dizer aos peregrinos que hoje chegam a Jerusalém. Sua vida está escrita no livro de Pe. Natale Albino, Diplomata da Santa Sé.