O casamento de Maria e José a partir da tradição judaica
2018-11-05 07:40:12
Um anúncio inesperado que mudou os planos da jovem Maria. Ela já estava prometida a José, quando recebeu do anjo a notícia de que seria a mãe do Salvador. Mas entre o anúncio e o nascimento de Jesus, um marco na vida de José e Maria: a celebração do casamento!
Diante das ruínas da cidade de Nazaré, podemos imaginar os preparativos das famílias para o matrimônio, seguindo os costumes da época. O guardião e reitor da Basílica da Anunciação, Frei Bruno Varriano, registra em livro como pode ter sido este momento de expectativa na vida do casal. Ele se baseou na tradição judaica para escrever a obra: “Maria, mãe da humanidade”.
Fr. BRUNO VARRIANO, ofm
Guardião e Reitor da Basílica da Anunciação – Nazaré
“Nós sabemos que, segundo a tradição judaica, era um ano de noivado. O noivo não podia ter contato com a noiva. Só podia vê-la de longe, não podiam se encontrar. E havia a dificuldade da gravidez de Maria. Como explicar que depois de três meses, quando retorna de Ain Karen, da casa de Santa Isabel, ela estava gravida?
Momentos desafiadores para José. Mas depois do anúncio em sonho, o anjo lhe pede para não ter medo e acolher Maria como esposa. Dentro do projeto de salvação, José renuncia também sua juventude, vivendo na castidade, e coopera com o projeto de Deus para os homens. Agora seria o momento de preparar a casa e a festa!
Fr. BRUNO VARRIANO, ofm
Guardião e Reitor da Basílica da Anunciação – Nazaré
“O mês de Adar era o mês dos matrimônios. Dizia um provérbio: ‘Quando se chega Adar é alegria em Israel’. Nós podemos, então, imaginar a alegria deste pequeno povoado de Nazaré no dia do casamento, quando Maria, em sua beleza, com seu véu coberto, acolheu seu esposo José e vieram morar aqui nesta casa onde estamos, aqui na casa da Sagrada Família.”
A cerimônia judaica era compartilhada por toda a comunidade local e cheia de símbolos e ritos, pois deveria ficar marcada na memória de todos.
Fr. BRUNO VARRIANO, ofm
Guardião e Reitor da Basílica da Anunciação – Nazaré
“Todos vinham com os vestidos melhores e entravam na sala e diziam elogios à noiva, o quanto era bela. Citavam frases do Antigo Testamento. Os anciãos da cidade cobriam também a cabeça com véus brancos por ser uma superioridade, como sinal de que os mais velhos são respeitados, são ouvidos. As crianças recebiam naquele dia doces de mel com nozes porque era um dia que todos tinham que se lembrar. Também o noivo dava um presente para a noiva, um presente significativo. E todos queriam saber quanto era esse presente, qual o valor, quanto é o amor que ele tem.”
O casamento de José e Maria tinha como objetivo o projeto de salvação. Nas palavras do santo franciscano São Boa Ventura, Deus quis entrar na humanidade por meios ordinários, ou seja, tendo um pai e uma mãe.
Depois da inesquecível celebração, os esposos vão para o seu lar. No complexo da basílica, está a Igreja de São José onde era a casa da Sagrada Família, construída entre 1911 e 1914. Abaixo, a cripta que seria a oficina do pai adotivo de Jesus e, em um nível abaixo, ruínas de uma espécie de cozinha ou conservação de alimentos. Um ambiente envolvido pelo amor divino expresso no amor humano!
Créditos:
Reportagem: Gracielle Reis
Imagens: Sharbel Essa/Christian Media Center
Edição: Edmilson Fonseca
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