Giovanna Repellini e o arquiteto da Terra Santa: A Basílica do Getsêmani

2023-10-30 14:12:23
Da luz à penumbra... como Cristo, no momento da decisão de empreender o caminho da cruz. Uma sensação que Barluzzi também buscou durante a construção da evocativa Basílica do Getsêmani. GIOVANNA FRANCO REPELLINI Estúdio Arquitetura GFR- Milão “A construção do Getsêmani foi muito mais complicada. Houve questões técnicas e políticas que tiveram que ser administradas, mas nada parava Barluzzi. Nem mesmo as manifestações ou confrontos. Sempre tinha alguém que contestava." Entre as dificuldades de financiamento, políticas e os confrontos com outras comunidades, a construção do Getsêmani seguia em frente, porque Barluzzi carregava um ideal no coração. Giovanna destaca a grande fé do arquiteto da Terra Santa. GIOVANNA FRANCO REPELLINI Estúdio Arquitetura GFR- Milão “Barluzzi acreditava que estava fazendo os santuários por ordem de Deus. Por isso sempre digo: Se alguém tem Deus como cliente, nada pode impedi-lo! Ele era um homem que realmente pensava que sua obra não era apenas um trabalho, mas um ideal e isso lhe dava muita força. Por certo que ele era bem jovem quando fez o Tabor e o Getsêmani.” Ao contrário do Tabor, no Getsemani Barluzzi queria criar uma área triunfante e ao mesmo tempo sofrida. Em latim, DOLENS - porque Jesus suou sangue, mas também TRIUMPHANS, porque depois acontece a ressurreição. GIOVANNA FRANCO REPELLINI Estúdio Arquitetura GFR- Milão “Na verdade, a igreja para mim tem esse detalhe. A fachada TRIUMPHANS que retoma o arco do triunfo romano, porque deve representar o triunfo de Cristo”. Segundo Repellini, as 12 cúpulas baixas são muito mais modestas que o estilo bizantino. Interessantes também são as grandes janelas laterais com vitrais roxos que variam em 7 tonalidades. No centro da Igreja, a pedra sobre a qual, segundo a tradição, Jesus suou sangue. Essa ideia de construir incorporando elementos arqueológicos é muito visível no interior da Basílica. GIOVANNA FRANCO REPELLINI Estúdio Arquitetura GFR- Milão A igreja das nações teve que ser financiada por diferentes nações e nas doze cúpulas deveria haver doze afrescos diferentes. E aí começa um terrível cabo de guerra. Para Barluzzi - explica a arquiteta - os desenhos vindos dos diversos países não estavam em sintonia artística com o seu projeto. Com a mudança do Custódio da época, e outros obstáculos, Barluzzi acreditava que todos estavam contra ele. GIOVANNA FRANCO REPELLINI Estúdio Arquitetura GFR- Milão Então, Barluzzi foram 12 igrejas! São 12 igrejas confiadas a ele. Não é algo que se possa deixar despercebido. Sabemos que muitos tinham grande consideração por ele, mesmo que o final tenha sido um pouco dramático. A basílica acabou custando mais do que o esperado porque o navio que deveria transportar o mármore afundou e ele teve que comprá-lo novamente. Não foi culpa dele, mas de alguma forma ele foi culpado porque os preços subiram, como sempre. O interior da Basílica é definido pela arquiteta Repellini como repleto de poesia, de sacralidade. A luz e a escuridão com que Barluzzi conduz ao encontro com a poesia: Quem entra na igreja está em busca do sagrado, e cria-se no peregrino um sentimento profundo, uma oração de quem busca a poesia. GIOVANNA FRANCO REPELLINI Estúdio Arquitetura GFR- Milão Quando eu disse no início que ele era um simbolista, foi porque ele procurava a poesia, ele não queria fazer uma simples igreja, um simples “santuário” para os peregrinos. Não, ele buscava algo que fosse inspirador, que no interior pudesse trazer em si um sentimento que nos fizesse voltar ao episódio evangélico. Todos os dias centenas de milhares de peregrinos e turistas entram nestes santuários. Para alguns a emoção e a devoção, para outros a curiosidade arqueológica e artística. Cada pessoa tem a sua impressão sobre os lugares por onde Jesus caminhou e viveu os dias da sua vida. GIOVANNA FRANCO REPELLINI Estúdio Arquitetura GFR- Milão “Ele queria que a Terra Santa trouxesse ao peregrino um sentimento de devoção e amor à Cristo. Foi isso que ele buscou em todo o seu trabalho e devo dizer que, em parte, conseguiu. Pelo menos no meu coração, ele conseguiu."
A cada passo, a cada batida: São Nicolau, o Peregrino
A cada passo, a cada batida: São Nicolau, o Peregrino

São Nicolau, o Peregrino, é um rapaz grego nascido em 1075, que conheceu Jesus quando tinha oito anos e, ao vê-lo, recebeu dele a oração do coração. Foi venerado como santo pelos católicos e assim permaneceu por aproximadamente nove séculos. Em 2023, os Gregos Ortodoxos da Itália incluíram-no no seu calendário litúrgico. Um santo verdadeiramente ecumênico, que tem muito a dizer aos peregrinos que hoje chegam a Jerusalém. Sua vida está escrita no livro de Pe. Natale Albino, Diplomata da Santa Sé.