A antiga Cesareia de Felipe, onde Jesus confiou a Pedro as chaves do Reino dos Céus
2018-09-06 11:13:21
A paisagem surpreende por sua fauna, flora e abundância de águas que formam uma série de bacias hidrográficas. No Parque Nacional de Banias, uma das nascentes do Rio Jordão e uma cascata de 10 metros, a maior de Israel. As numerosas riquezas naturais fizeram de Banias um lugar de culto pagão, especialmente ao deus “Pan”. Daí, surge o nome do local: “Panias”, e do qual derivou “Banias” no árabe, já que a língua não possui a letra “P”.
O arqueólogo do Parque Nacional de Israel, Ben-Yosef, explica que as escavações iniciaram no século passado. Em 1988, foram encontrados resquícios das épocas romana e bizantina. Descobertas arqueológicas e testemunhos de diferentes períodos históricos, como a Batalha de Banias, quando o atual território da Terra Santa ficou sob o domínio dos selêucidas. Trinta anos depois, a tentativa de introduzir os costumes da cultura helenística fez instaurar a revolta dos macabeus.
Dr. BEN-YOSEF
Arqueólogo Parque Nacional de Israel
“A cidade viu acontecer, perto de 200 antes de Cristo, uma grande guerra de povos vindos da Grécia. Uma guerra entre a casa dos selêucidas e a casa dos Ptolemeus. Após esta guerra, a cidade foi conquistada pelo império dos selêucidas. Muitas construções foram iniciadas e algumas delas em honra a deuses da cultura helenística, como Pan.”
Na era helenística, momentos de prestígio da cidade. Aqui, Herodes ergueu um templo ao imperador César Augusto e, antes de morrer, dividiu seu reino entre os três filhos. Banias foi destinada a Felipe, que a estabeleceu como capital de seu reino e com o nome “Cesareia de Felipe” para distinguir de Cesareia Marítima, na costa do Mar Mediterrâneo. Durante o seu domínio, a região se desenvolveu econômica e culturalmente: moedas foram cunhadas e templos, casas de banho, teatros e outros edifícios públicos construídos.
E para o cristianismo um importante fato na região. Jesus passou por aqui e perguntou aos discípulos como o povo o percebia. Até fazer o questionamento diretamente a eles: “E, vós, quem dizeis que eu sou?”. A partir daí, a bela resposta de Pedro e a revelação de sua missão.
Fr. GIUSEPPE GAFFURINI, ofm
Cantor Basílica Santo Sepulcro
“Pedro responderá com sua inspirada profissão e o Senhor Jesus responde com a missão de Pedro: ‘Tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja’.”
Jesus saiu da Judeia e da Galileia, foi às fronteiras da Terra Prometida, quase entre os pagãos, e lá fez aquela pergunta a fim de que sua identidade não fosse confundida com o messianismo de seu tempo. Desde que Pedro recebeu a revelação do Pai, Jesus entende que o Pai o escolheu entre os irmãos como a primeira pedra sobre a qual a Igreja seria construída.
Fr. GIUSEPPE GAFFURINI, ofm
Cantor Basílica Santo Sepulcro
“O Senhor Jesus desejava que sua identidade de Messias não ficasse confusa e queria saber como as pessoas e os pagãos o identificavam. Ou seja, seria uma Igreja aberta, uma identidade aberta de Jesus e uma identidade de Pedro, da Igreja muito aberta. Esses dois temas, a divinidade de Cristo e o primado de Pedro, são hoje os termos de debate de diálogo ecumênico entre as confissões cristãs e do diálogo inter-religioso com outras confissões religiosas, disposta a reconhecer em Jesus um profeta, um messias, mas não certamente a sua divindade”.
O sítio arqueológico está localizado nos pés do Monte Hermon, nas colinas de Golã, já nas proximidades da fronteira com a Síria e o Líbano. Quem visita, tem a oportunidade de ver as ruínas de diferentes épocas, antigas estruturas palacianas, um velho moinho de água ainda em funcionamento, a Gruta de Pan e ainda tocar as refrescantes águas do Rio Hermon. Mas, sobretudo, o local assinala a compreensão sobre a identidade de Cristo e a missão de Pedro.
Créditos:
Reportagem: Gracielle Reis
Imagens: Sharbel Essa
Edição: Edmilson Fonseca
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